Bad Buddy- Capítulo 19

 Capítulo 19

Pran

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'Estranho.' Provavelmente foi a única palavra que surgiu em minha mente quando eu estava rolando na cama depois de acordar, tomar banho, trocar de roupa e comer. Mesmo que o quarto seja o mesmo, a cama, o cobertor e o travesseiro, tudo é como era antes. Mas, porque meu coração está diferente? Parece mais frio. O cobertor não é tão quente quanto o antigo, a cama parece estranhamente larga, ou até mesmo o silêncio me é desconhecido. Já faz quatro anos que moro aqui e nunca senti esse sentimento, mas agora, faz apenas um dia que Phatra foi para a casa. Porque o quarto está tão sem vida?

Eu devo estar acostumado a ter outra pessoa circulando seus braços e pernas em volta de mim por mais de vinte e quatro horas consecutivas. Fechei meus olhos, quanto mais eu dormia, mas via o rosto daquela outra pessoa.

Esse hábito é assustador.

Saio do quarto para olhar a sala de estar, que estava completamente limpa durante o spin-off. Por um mês, comi e dormi na frente do computador, olhando para a tela como um zumbi sendo retirado de um buraco e forçando a deixar os olhos permanecerem abertos até completar a tarefa a tempo. Era difícil tomar banho todos os dias, então não havia como esperar que eu tivesse como limpar o quarto também, e mesmo que uma pessoa boba como Phatra estivesse se saindo melhor, se levantando e limpando a casa para se sentir revigorado, no geral ainda estaria bagunçado de qualquer maneira. Peguei os sacos pretos que continham os restos do modelo, que sobraram do meu trabalho e fui para a lixeira perto do elevador, voltei para o quarto lavar as mãos, peguei a mochila e coloquei no ombro me preparando para ir para casa.

Vou voltar porque não durmo em casa há um mês. Estou com saudade dos meus pais, não é pelo cachorro louco que foi chamado para ir para casa primeiro...

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Saí do táxi e parei em frente da minha casa. Olhei pelo canto dos olhos para ver Phatra de pé na sua varanda, ele ergue as sobrancelhas e faz uma careta de surpresa.

"Eu voltei."

Assim que passo pela porta, encontro minha mãe lendo um livro no sofá perto da varanda. Minha mãe sorriu docemente e abriu os braços para eu entrar e abraçá-la com força.

"Por que está tão cansado? Você não dormiu bem, certo?" Ela me abraçou até ficar satisfeita, depois virou o corpo para olhar para mim. Acariciando levemente suas mãos brancas na lateral da minha bochecha, antes de tocar sob os olhos. "Olhe para seus olhos, está tão escuro."

"Um pouco, mas agora estou confortável." Eu sorri e me movi para beijá-la mais uma vez. "E o pai?"

"Ele saiu, já deve voltar. Vamos pegar suas coisas, levar para cima e depois descemos para comer. Eu vou pedir para alguém trazer o almoço e servir na mesa."

"Ok."

Eu respondo e deixo os braços da minha mãe. Dou outro sorriso e subo as escadas para o meu quarto. Não tenho tempo nem de abrir a porta ou guardar a bagagem, quando o celular na minha calça começa a tocar. Eu nem preciso adivinhar quem era.

"Ei!" Respondo descuidadamente. Enquanto minha mão se movia para colocar a mochila na mesa e remover seu conteúdo.

[Você voltou, mas não me viu e nem me disse nada antes.] A voz de Phatra disse do outro lado da linha, o que me fez sorrir.

"Bem, agora você pode ver por si mesmo, estou aqui."

[Então é assim?]

"Tudo bem." Aceitei, parando por um momento antes de continuar. "Vou para casa hoje, Phatra. Cheguei agora em casa, tudo bem?"

O som de uma risada veio. [Ok.] Mas a resposta fez eu sentir que ele estava bastante indiferente. 'Por que está sendo tão fácil desta vez?'

"Então, como você está depois de voltar para casa?"

[Igual a antes.]

"Sua mãe perguntou porque você não voltou para casa?"

[Sim...]

"Está tudo bem? Você ficou estranhamente quieto."

[Estou quieto?]

"Uhum! Qual é o problema?"

[Eu sinto tanto sua falta, não nos vemos há mais de um dia. Sem o seu abraço o 'namorado' fica terrivelmente solitário.]

Eu franzi minhas sobrancelhas, sentindo o tom anormal da voz da outra parte, mesmo que ele tente brincar como de costume. Mas como acabamos assim? Além disso, parece que ele não desistirá em não falar. Pessoas como Phatra são sempre teimosas e não desistirão.

"Você já comeu?" Mudar o assunto primeiro é provavelmente a melhor solução.

[Comi, e você?]

Aqui está... Como posso não estar errado? Se ele estivesse normal, teria dado um grito e dito: 'Fui arrastado de volta para casa e não comi ainda. O que você quer comer com seu namorado?' Não faria esse tom seco e com uma resposta simples.

"Vou descer e comer agora. Vim apenas para desempacotar as coisas."

[Então corra para comer. Você está magro e isso é ruim. Depois de terminar de comer, me ligue.]

"Ok, então eu vou desligar."

Ele gemeu em resposta, desliguei e fiquei olhando para o telefone que agora a tela havia se transformado em apenas um ícone do rosto da outra pessoa. A sua mãe ou Pha deve ter dito algo, existem apenas poucas coisas que deixam alguém como Phatra triste.

"Você está descendo?" Uma voz familiar me cumprimentou enquanto eu descia as escadas.

"Pai, Olá. Você voltou?"

"Eu que tenho que perguntar se você voltou. Faz meses que não vejo seu rosto."

"Eu quase morri tentando terminar o trabalho de tese." Eu ri, me aproximando. "E então você já comeu ou não?"

"Esperando por você. Sua mãe está agora na mesa de jantar aguardando." Meu pai disse isso se aproximando e abraçando os meus ombros, dando um tapinha. "Meu filho, você está tão magro. Esse bebê!"

"Só durante este período, pai."

"Vem cá, vamos comer muito hoje. Oh... Há um convidado também."

"Convidado? Quem?"

"Entre e veja por si mesmo."

Levantei a sobrancelha e olhei para meu pai, que entrou na sala de jantar. Além da parede da sala, eu fico surpreso ao ver a pessoa sentada na cadeira ao lado de minha mãe.

"Irmão Pong!"

"Faz muito tempo que não vejo seu rosto, Pran."

"Quando você voltou?" Não nos vemos há três anos? Como ele era um ano mais velho, foi estudar na Inglaterra e depois se recusou a voltar. "Não me contou."

"O que devo dizer? Você não está no Skype."

"Atribuo isso ao excesso de trabalho. Olhe para mim, se fosse um pouco mais, eu já teria me tornado um zumbi."

"Eu posso ver, e você também ficou mais magro?"

"Sem tempo para dormir. Quantos dias você vai ficar?"

"Até depois de amanhã. Bem, meu melhor amigo se casou, então voei para parabenizá-lo. Eu queria passar por aqui e prestar uma homenagem ao tio, só não esperava ver você. Até pensei que amanhã poderia visitá-lo no dormitório."

Disse Pong, abaixando-se para pegar a sacola na sua lateral. "Trouxe um presente".

"Você desapareceu por três anos e traz apenas uma sacola de souvenirs?"

"Bem, então o que você vai fazer depois da formatura?"

"Não sei ainda, quero descansar primeiro." Eu disse enquanto recebia um prato de arroz da minha mãe e balançava a cabeça.

"Mas eu também quero que você continue seus estudos. Veja, você tem que se apressar para trabalhar, estudar administração e, em seguida, assumir o lugar do seu pai."

"Você pode estudar e trabalhar. Venha e deixe seu pai te usar no trabalho, quanto mais cedo melhor. O filho daquela casa não aprendera a tempo, prevejo muitos fracassos. Não importa." Meu pai disse enquanto colocava o arroz na boca. Sempre que se fala sobre trabalho ou negócios em casa, aconteça o que acontecer, vão envolver a casa ao lado.

Eu fiz uma careta. Mesmo que Phatra pareça distraído e não muito sério, em relação ao aprendizado e ao trabalho, ele nunca desiste.

"Ou gostaria de adicionar outro curso de design de interiores? No momento estou pensando em abrir uma empresa nesta área, os negócios serão ampliados. E aquela casa mal pode esperar para seguir e nos imitar novamente."

"Sobre esse assunto, tio. Você pode falar mais tarde? Pran parece estar cansado. Deixe meu Nong comer."

Quase levantei a mão para homenagear Pong, quando ele falou por mim. Porque com o tempo, eu sentia que não suportaria mais ouvir palavras tão duras. Não importa quanto tempo tenha passado, não consigo entender por que temos que nos odiar tanto, apesar do fato de que a cerca das nossas casas está presa uma à outra.

Olho para os meus pais que estão comendo confortavelmente enquanto eu me sinto desconfortável. O que eles diriam se soubessem que o vizinho, que meu pai odeia, cuidou de mim por vinte e quatro horas durante todo o tempo em que escrava a tese. Eles iriam me odiar se soubessem que o abraço que me mantém aquecido todas as noites pertenciam à pessoa de quem eles zombam todos os dias?

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"O que há de errado? Por que está carrancudo?" Eu olhei para cima quando Pong entrou e se sentou ao meu lado no sofá, colocando uma xícara grande de sorvete na minha frente. "Você gosta disso?"

"Eu gosto sim." Sorrio alcançando um porta-copos. O sorvete é uma bola verde-azul menta, do tipo em que sou viciado. Quando estou em casa, geralmente costumo comprar e deixar em algumas caixas grandes armazenado. "Pong, você não come?"

"Só café é o suficiente." Disse Pong, levantando uma xícara de café quente para eu ver. "O que há de errado?"

"Nada, irmão."

"Teimoso de novo. Não nos vemos há três anos, você ainda é o mesmo?"

Eu sorri e coloquei um grande pedaço de sorvete na boca, então me virei para olhar nos olhos da outra pessoa. Pong é filho do irmão da minha mãe, sendo ele e eu primos, com cinco anos de diferença, quando éramos jovens nós nos conhecíamos muito bem. Ele foi um bom conselheiro, calmo, perceptivo, e é inteligente. Éramos muito próximos, até certo ponto, até que Pong fez uma pós-graduação na Inglaterra três anos atrás, e se recusou a voltar para a Tailândia.

"É divertido lá?"

"É divertido viajar e conhecer coisas novas, fiz amigos de muitas nações e descobri coisas que nunca soube. Há muito mais para ver e fazer, tanto que você não quer mais voltar."

"Então a tia não reclama? Já faz tanto tempo."

"Ela continua reclamando, mas o que posso fazer? Não vou voltar."

"Terrivelmente bom."

"Hmm." Pong falou arrastando a concha, virando-se e erguendo as sobrancelhas, como se quisesse provocar. "Por que você ficou carrancudo desde que comeu? Depois da formatura, há algo que você queira fazer, mas não pode?"

"Provavelmente sim."

"O quê?"

Olhei para minha mãe e meu pai para ter certeza de que eles não estavam por perto. Escuto uma risada leve das pessoas que podem viver suas vidas como quiserem. "Depois da formatura, quero viajar alguns meses antes de trabalhar... e quero encontrar um trabalho sozinho. Ainda não quero aceitar o negócio do meu pai."

"Por quê? Se Pran não aceitar, quem vai aceitar? Seus pais têm apenas um filho."

"Eu não quero odiar ninguém. Eu me sinto desconfortável."

"Você não tem que odiar ninguém seguindo nossos pais. Eles não podem mudar você. Mas você não pode mudar a si mesmo?"

"... É difícil."

"Se isso é difícil de dizer, eu não me importo de forma alguma em escutar."

"Sim, mas tenho preguiça falar." Eu disse, então virei a cabeça no encosto do sofá. O rosto do morador da porta ao lado brilhou em meus pensamentos. Senti uma leve necessidade de escapar da verdade por algum tempo.

Comecei a querer voltar para o dormitório...

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Assim que mandei meu irmão de volta para casa, entrei na sala e disquei para alguém que provavelmente estaria em silêncio porque foi amaldiçoado pelos seus pais. Pensava que os sintomas de ansiedade ao falar com os pais iriam embora devido à sua falta de consideração como sempre, mas me enganei, porque o cão bipolar ainda está deprimido.

"Ok, o que está acontecendo Phatra?"

[Não é nada.]

"Você está tão para baixo assim e ainda diz que não é nada."

[De onde você tirou isso? Eu ainda te contei piadas, você não riu?]

"Você pensa que eu não consigo ouvir?"

[Não, com você pode não ouvir? Estou falando tailandês.]

"..." Eu odeio as piadas que você faz para me distrair, Phatra. "Você está me desprezando?"

[Eu...]

"Se você disser que não é nada, eu sinto muito, mas não me chame de seu namorado de novo."

[Pran...]

"Ok, e aí?"

[Absolutamente nada. Só estava pensando em Pran, não consigo dormir.]

Soltei um longo suspiro. 'Por que você é tão teimoso? Vale a pena pegar e socar na própria cara por ficar com medo?'

"Phatra."

[Sim, eu?]

"Não importa."

[Você está com raiva?]

"O que você está fazendo para me deixar com raiva?"

O final da linha ficou em silêncio por um momento antes de dizer. [Depois das nove horas, você me encontra? No banco de mármore.]

"Que engraçado! Minha mãe e meu papai vão saber e você vai ser atropelado."

[Você está com raiva de mim aqui...]

"Não estou com raiva!"

[Eu também não estou com raiva, vamos nos encontrar. Tenho saudade.]

"Não vou."

[Tudo bem, posso ir sozinho.]

"Você aqui..." Suspirei e mudei a conversa. "O que você está fazendo?"

[Sentado conversando com meu namorado.]

"Você não tem que soar assim para mim."

[Eu quero voltar para o nosso quarto já.]

"Quarto de quem?"

[Nosso quarto.]

"Nosso quarto é separado. Não seja um enganador."

[O quarto da esposa é como o quarto do marido burro, ou o quê?]

"Começou a falar muito. Quem é a esposa e quem é o marido?"

TOC TOC

"Pran, o que você está fazendo, filho?"

A batida na porta seguida pela doce voz de minha mãe me fez desviar minha atenção do final da linha para gritar em resposta à pessoa atrás da porta primeiro. "Acabei de terminar meu banho. Espere um momento." Em seguida, sussurro ao telefone. "Minha mãe está me chamando. Ligo depois."

[Depois das onze horas, venha me ver.]

"Você não sabe o que dizer."

[Eu não sei, vou esperar.]

Respirei frustrado enquanto minha mãe batia na porta com meu pai ao seu lado. Phatra desligou a chamada sem me dar a oportunidade de rejeitá-lo novamente.

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Provavelmente porque não venho para casa há muito tempo, isso fez com que meus pais tenham muito o que conversar antes de dormir. Eram quase onze e meia, a mensagem de Phatra chegou há meia hora, mas ainda não deu tempo de responder. Fui para o meu quarto e disquei rapidamente o telefone.

Esperei até achar que as luzes estavam apagadas em toda a casa, então lentamente esgueirei-me para descer as escadas até o quintal.

Eu estava esperando por Phatra ao lado da casa em um banco de mármore sob uma árvore escura sem acender as luzes. Com a noite, os mosquitos começaram a aparecer, é bom que estou usando calças compridas, já que assim eles mordem apenas os braços e os ombros.

Depois de esperar um pouco, o som de tamborilar foi ouvido na cerca. A luz do telefone piscou antes de ver Phatra subir pela parede da casa. A outra parte sorriu e acenou com a mão, eu balancei a cabeça xingando a outra parte ferozmente. Chega tarde e ainda quer brincar.

"Pule depressa!"

Phatra escalou e sentou-se na parede. Estava prestes a levantar as pernas e entrar na minha casa quando a luz da sala de jantar se acendeu fazendo meu coração disparar. Eu congelei, minha mão estava fria quando ouvi um grito alto.

"Quem é esse?!"

Baque!

Meu pai abriu a porta da varanda com força e olhou para Phatra com raiva. Ele nem me notou, mas o que fez eu arregalar os olhos foi o cano preto em sua mão.

"Pai!" Eu chamei ele apressadamente em voz alta. Saltei para bloquear Phatra, que ainda não conseguia ficar em pé no chão.

"Pran? O que você está fazendo aqui? Vai pegar o telefone, papai vai chamar a polícia para prendê-lo!"

"Pai, acalme-se primeiro. Por que você tem que trazer uma arma?"

"Aquele vilão! O homem é um ladrão que vem escalar a cerca!"

"Espere, pai!" Puxei o seu braço, quando meu pai fingiu ir para a luta. O choque e a preocupação me levaram a me apressar para falar, sem nem mesmo pensar. "Eu que liguei para Phatra!"

Depois de terminar a fala, meu pai ficou estagnado. Virou-se para olhar para mim com olhos que eu mal podia encarar.

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