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Bad Buddy - Capítulo 5

 Capítulo 5

Pran


):)


Apesar de repreendê-lo alguns dias atrás, o menino atrevido e sujo ainda não entendeu. Olhei para a bagunça que o garoto problemático tinha feito e suspirei.  Larguei a lâmina e coloquei as peças de bagaço sobre a mesa, depois falei com uma voz profunda para poder chamar a atenção do pequeno búfalo sentado no sofá abraçando sua pelúcia enquanto usava o telefone.


"Phat."


"Uhmm." Ele respondeu, mas se recusou a olhar para cima, continuando a olhar apenas para o telefone.


"Phat."


"Uhmm."


"PHATRA!!"


"O que?" O sujeito ficou surpreso e olhou para mim com espanto. "Por que você está gritando?"


"Eu te chamei várias vezes."


"Que impaciente."


"Estou te chamando há horas!"


Fiz uma careta, então acenei para o prato de arroz e sanduíches que ele estava comendo algumas horas atrás. O menino sujo havia deixado com que as manchas de comida secassem.


Sentei-me e observei-o por um tempo, mas não havia sinal de que ele iria se levantar para lavá-los. No final, fui eu quem não aguentei.


"Levante-se e lave os pratos agora!"


"Espere um minuto, vou lavá-los depois que o jogo acabar."


"Vá lavar eles primeiro e depois volte a brincar."


"Deixe-me jogar primeiro, eu serei o melhor... Ei!"


"Vou confiscar."


Aproveitei o momento em que ele estava focado na tela e não tinha velocidade para me parar, então peguei o telefone da sua mão.


O dono do telefone gritou quando apertei a opção de bloqueio na tela.


"Meu novo recorde, Pran!"


Phat gritou como uma criança quando viu que eu não me importava. Então coloquei o telefone ao lado da mesa e continuei trabalhando na maquete à minha frente.


O outro homem murmurou e xingou lentamente, então saiu do sofá e se sentou ao meu lado.


"O que você está fazendo?" Eu olhei para ele e perguntei com uma voz suave quando o vi me encarando.


"Você não quer me ver lavando a louça?"


"Não, afaste-se de mim, estou trabalhando, não posso ficar brincando com você."


"Posso cortar isso para você?"


Eu fiz uma careta e estreitei meus olhos, desconfiado. O que ele está planejando? Phat é preguiçoso demais para querer fazer qualquer coisa e ainda tem coragem de querer me ajudar! Você comeu algo estragado?


Ele provavelmente pegou algo do chão e comeu.


... Ou viu um fantasma?


"Eu ajudo você a cortar em troca de você lavar a louça para mim." Suspirei.


Então era isso que ele estava planejando fazer. O que está acontecendo? Pessoas como ele não podem fazer algo sem esperar nada em troca?


"Vá e lave você mesmo."


"Pran… sabe que eu não gosto de lavar a louça."


"Tudo que tem a ver com limpeza, você também não gosta."


"Eu não gosto do cheiro do detergente, embora eu goste do sabonete do seu quarto."


"FORA DAQUI!"


Só de dizer aquela pequena frase, o menino atrevido ficou aborrecido e silencioso. Mesmo que ele não tenha levantado a cabeça só de olhar para ele, eu sei o que ele está pensando. Phatra não vai desistir facilmente.


"Deixe-me cortar para você. Seus dedos estão vermelhos e com muitos cortes. Você confia que eu posso lavar a louça do seu quarto adequadamente!? Como sabe que vou lavá-los bem sem deixar nenhum resíduo gorduroso ou espuma? De qualquer forma, no final são seus pratos. Você é quem vai usá-los no final. No entanto, depois do que me disse, não me importaria de lavar os seus pratos sujos."


Porque diabos você não iria lavar os pratos bem?!


"Basta cortar ao longo e no meio da marca de lápis! Consegue fazer isso?" Respirei fundo enquanto a outra parte continuava a falar, coloco a lâmina em sua mão e olho para a pessoa que ainda está dando um sorriso vitorioso.


"Corte esta pilha primeiro. Tenha cuidado com as peças, pois elas quebram facilmente. Em seguida, corte essas duas pilhas e combine-as. O exemplo está ao seu lado. Não faça isso mal feito!"


"Você pode confiar em mim." Depois que eu terminei de falar ele se virou e sentou ao meu lado, então eu não conseguia ficar de pé.


O jeito brincalhão de Phat de nunca levar nada a sério me irrita. Mas não sei por que, não posso ficar bravo com ele por muito tempo. Talvez seja porque ele sempre tem um sorriso no rosto o tempo todo, não importa o quanto eu reclame ou xingue, ele sempre me dá um grande sorriso apesar disso. E por isso mesmo que você esteja com raiva, não conseguirá ficar com raiva no final, fazendo com que você esqueça por que estava com raiva.


Sem perceber eu o encaro por um tempo, depois de me afastar dele, ando em direção ao sofá pronto para pegar o prato esquecido com a comida que já havia secado. Como você pode comer assim? Os restos da comida e os grãos de arroz estão todos espalhados pela mesa. Está tudo sujo! Fui até a pia pegar uma toalha de papel.


Encharquei uma toalha de papel na água, torci-a e depois voltei à mesa de centro, varrendo os restos de comida e limpando o móvel para que a sujeira desaparecesse.


É verdade o que ele disse. Se Phat tivesse feito a limpeza, amanhã eu me encontraria com uma mesa pegajosa, com formigas andando por tudo.


Pensando nisso, levantei-me novamente e balancei minha cabeça.


"Maldito Phat!"


"Hmmm?" O ignorante disse, levantando a cabeça com um olhar como se esperasse um elogio.


"Faça isso rápido!" Eu fiz uma careta e abri minha boca para xingar, mas não consegui encontrar as palavras. Então simplesmente continuei lavando a louça e limpando a pia.


Como esse cara causou tanto estrago?!


"O que você está fazendo!!"


"Estou trabalhando para você. Parece exatamente igual ao seu exemplo." Levantou o modelo que deixei para trás junto ao que ele havia feito, ambos independente de como se olhava eram nada parecidos.


"Como isso pode ser o mesmo? Você vê a cola que escorre na união das peças? E usou a cola preta. Você vê o meu trabalho assim?"


"Mas a forma é exatamente! É a mesma."


"Mas está sujo! O modelo deve ser limpo, não é só fazer." Outras pessoas ficariam muito frustradas com o raciocínio lento de Phat.


"Levante-se! Eu mesmo faço isso!" Ele terminou de cortar e então eu sinalizei para a outra parte se afastar. Me sentei em frente a maquete e afastei todas as peças que ele tinha empilhado nas laterais. Então ouvi o som de uma voz alta vindo da pessoa que estava perto de mim.


"Que porra! Estou sentado aqui há muito tempo e cortei muitos pedaços. Não pode usar nenhum?"


"Phat! Dê uma olhada na comparação e considere por si mesmo se isso pode ou não ser feito."


"É o mesmo modelo!"


"Vá dormir."


"O dono do quarto ainda não vai dormir, como vou dormir sem ele?"


"Pessoas como você também sabem ser atenciosas? Acabei de descobrir."


Olhei para ele e encontrei uma expressão de alegria que combinava com aquele sorriso.


"Afaste-se de mim, apenas vá."


"Oh! Eu tentei, mas não consigo fazer como você. Não fique bravo."


"Então o que você pode fazer? A tigela de arroz onde você comeu ainda estava suja e você não pode lavá-la. Se sabe que esta seja, e que não saiu tudo, então por que não lava até que esteja limpo? Claro, você apenas prefere sujar meu quarto."


"Sinto muito." Fiz uma pausa quando ouvi uma frase de arrependimento da outra parte. E ele ainda usa essa voz! Pretende usar a mesma tática novamente?


Não sei quem o instrui ou lhe ensina essas coisas. Mas, há algum tempo, ele tem o costume de usar essa tática toda vez que estou irritado.


"Vá dormir, eu vou trabalhar."


"Posso apenas cortar? Não vou tocar na cola, deixe-me me redimir."


"Vou cortar o resíduo de cola, porém, não vou esquecer essa merda rapidamente. Suas habilidades não devem ser oferecidas para ajudar ninguém. Apenas vá dormir."


O chefe da turma de engenharia reclamou por um tempo novamente, depois subiu as escadas e entrou no quarto para continuar reclamando até adormecer abraçado com Nong Hom.


Olhei para os pedaços que a outra pessoa havia cortado e suspirei. Eles estão todos sujos, assim como o homem que fez isso.


Mas pensar na imagem daquele homem atrevido sentado pegando cada pedaço com seus dedos grandes me fez não sentir raiva, mesmo que não tenha colados certos.


Olhei para eles e pensei por um momento até que decidi me levantar e pegar uma pequena caixa de metal que estava guardada em cima da prateleira de livros. Abri e encontrei três clipes de papel ali dentro, tirei-os e, em vez disso, coloquei os pedaços estupidamente cortados dentro da caixa, que não pude usar no meu trabalho. Fechei e coloquei de volta na mesma prateleira.


O que posso fazer?... Não posso simplesmente jogá-los fora.


):)


"Você já vai estudar? Por que não me acordou?"


Eu quase pulei quando a pessoa, que eu pensei que estava dormindo na cama, falou comigo enquanto eu estava prestes a colocar minha mochila no ombro e sair do quarto.


"Merda, me assustou. Desde quando você está acordado?"


"Desde que você começou a andar procurando suas coisas."


"Ah, então levante e saia do meu quarto, tenho que ir estudar."


"Hoje eu não tenho aulas de manhã."


"Então, você vai ficar na minha cama a manhã toda?"


"Bem, sua cama cheira bem e Nong Hom está aqui." Ele disse enquanto abraçava aquela pelúcia suja em seu peito e colocava seu rosto no meu travesseiro.


"Deixe meu travesseiro em paz, vai sujá-lo!"


"Não estou sujo, ontem à noite tomei banho."


"Mesmo se você tomar banho quatro ou cinco vezes por dia, você não pode ficar limpo!"


"Mas você tem dormido na mesma cama com uma pessoa suja como eu, por muitos dias."


Revirei os olhos e suspirei. Passei minha mão para frente e para trás para indicar que estou cansado de discutir. Interrompi a conversa e saí da sala ao som de Phatra gritando por atenção.  


Continue falando sozinho...!


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"Como vai? Por que seus olhos estão como de um panda?" Wai imediatamente me cumprimentou enquanto se virava para falar comigo. Me mexi e sentei em um dos banco de madeira no saguão da universidade.


"Bem, ontem à noite eu fiquei acordado até tarde trabalhando."


"Quanto progresso fez?"


"Fiz menos da metade."


"Seu comentário me faz me sentir melhor, vou terminar mais rápido que você." Ele ri, depois de comentar.


"O professor já chegou na sala de aula. Vá em frente, verifique seu trabalho antes de subir."


"Você não vai comprar algo para comer?"


"Eu já comi, você ainda não comeu?"


"Ainda não." Eu balancei minha cabeça. Porque ontem à noite eu dormi muito tarde e por consequência acordei tarde, então não tive tempo de comer antes de sair.


"Então vá comer alguma coisa primeiro. Você não pode ficar sem comer, vou subir e falar com o professor primeiro, pois temos que mostrar a ele nosso trabalho." Depois do que meu amigo disse, comecei a olhar na minha bolsa com uma expressão preocupada.


"Você está bem?" Wai se virou para me perguntar depois que vasculhei minha bolsa algumas vezes com uma expressão nervosa.


"Não consigo encontrar o Pendrive onde salvei o arquivo ontem à noite."


"Ah, onde você deixou pela última vez?"


"Eu não me lembro, mas eu estava trabalhando no livro de dados esta manhã."


"Então, você vai ficar na fila para comer ou ir para o seu quarto?"


"Acho que vou voltar para o dormitório e espero voltar ao refeitório a tempo." Olhei para o tamanho da fila, vou ter que voltar para o meu quarto, é a única coisa que posso fazer. A pior coisa, em qualquer caso, seria o professor ir para casa antes do fim do período. 


Olhei para o relógio e fiz uma careta.


"Já volto."


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[Ei, você está preocupado comigo? Eu já vou comer, não se preocupe.] 


Quase chorei quando ouvi o som que veio da linha, depois que o sinal de espera terminou. Mas eu lembrei que ele tinha que me ajudar, então eu tive que engolir as palavras atrás dos meus lábios.


"Você ainda não saiu do quarto, não é?"


[Não, por que eu teria que sair?]


"Você pode caminhar até a escrivaninha no meu quarto. Não tenho certeza se há um pendrive preto em cima."


[Espere um segundo.] Dessa forma ele andou fazendo o que eu lhe disse. Antes de ouvir uma batida do outro lado da linha, ainda estava esperando por uma resposta.


[Estava embaixo de um pedaço de papel.]


"Venha aqui e traga para mim, discretamente."


[Hmm, por que eu teria que agir disfarçadamente? Eu não tenho medo das pessoas ao seu redor.]


"Não fale muito! Se você quiser vir, vem ou não! Mas eu te aviso que se você não vier, esta noite não se atreva a mostrar seu rosto no meu quarto."


[Ah, é brincadeira, não fique bravo. Vou levá-lo para você.]


"Apenas venha furtivamente, não deixe ninguém te pegar."


[Eu sei, Nong Pran. Ou seria melhor levar um megafone para gritar em frente a faculdade.]


"Você quer ser chutado? Apenas tente." A outra parte riu antes de desligar a chamada. Eu balancei minha cabeça, Phat realmente achava que eu sentia falta dele?


Sentei-me e esperei cerca de dez minutos, então meu telefone tocou mostrando o número que eu tinha ligado há algum tempo atrás. Me virei para dizer ao meu amigo que estava indo ao banheiro e desci as escadas correndo para ir até os fundos do prédio, onde a outra pessoa disse que estaria esperando. Depois de passar pela lateral do prédio, encontrei-o encostado em baixo da escada, sorrindo como sempre.


"Tenho uma entrega para você Khun Pran."


"Depressa me entregue, estou com pressa, então você já pode ir agora."


"Porque eu tenho que ir? Você acha que alguém é capaz de tentar me enfrentar?"


"Eu não estou brincando." Disse enquanto sussurrava.


"Em um momento, as pessoas virão. É melhor você ir."


"Do que você tem medo? Se as pessoas vierem, você apenas me bate e diz que vim lutar com você."


"Isso vai te machucar muito."


"Você se preocupa comigo?"


"Vou chamar alguns amigos agora mesmo!!"


O cara na minha frente riu, então voluntariamente entregou o Pendrive na minha mão. Eu aceitei, mas me recusei a agradecer, sei que preciso, mas quando abri minha boca para dizer a ele, nada saiu.


"O que? Eu trouxe para você, você não vai me agradecer?" Ele sabe que as pessoas que fazem favores merecem ser recompensadas.


"Isso não se compara com as inúmeras coisas que eu tive que limpar na minha casa por sua causa. Creio que esse favor seja muito pouco."


"Eu não sei, mas, você sabe que agora me deve um favor, não é Pran?"


"Eu nunca deveria ter pedido sua ajuda."


"Bem, se isso é tudo, eu tenho que ir agora. Então... Estude bastante."


Eu fiz uma careta e ele acenou com a mão quando terminou de falar. Não sei se ele gosta de me provocar ou se só faz isso por diversão, mas porque ele sorri para mim toda vez que eu fico nervoso.


"Te vejo à noite."


Eu fiz uma careta mais dura quando ele fingiu fazer um som suave me soprando um beijo, antes de se virar e ir embora.  


Uma estranha sensação de frio percorreu meu corpo.


Bastardo sem vergonha!


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Bad Buddy- Capítulo 29

 Capítulo 29

Pran

(:(

Mesmo que a outra pessoa tenha desligado há muito tempo, eu ainda estava segurando meu celular com força, não querendo soltar. Era como se aquela fosse a única coisa que me conectava ao presente, rezava para ser forte o suficiente e não fazer minhas malas, pular pela janela e fugir com ele. Às vezes, Phatra não pensava em nada com cuidado, usava suas emoções para decidir tudo e conduzir suas ações. Mas, no passado eu era capaz de acompanhar e resolver todos os problemas que ele causava todas as vezes, portanto, agora ele nunca entende os resultados ruins que podem vir.

Tentei protegê-lo, mesmo sem dizer a ele. Estou disposto a ser uma pessoa ruim que deixa seus entes queridos tristes. Disposto a ir embora e ser marcado como alguém que abandonou o seu amor. Mesmo que no final eu não tenha ficado feliz com todas as decisões que tomei.

Mas tudo isso... eu fiz por ele.

Naquela noite, passei a madrugada toda sentado ansioso e esperando, levantava de hora em hora para abrir as cortinas e ver se a outra parte havia voltado ou não. Fiquei andando em círculos assim até o céu começar a clarear. O tempo passou com dificuldade, por fim, ouvi um rugido alto vindo do outro lado da cerca.

Franzi os lábios com tanta força que doeu quando imaginei que Phat ainda não havia voltado para casa e seus pais começaram a brigar e gritar alto. Fazendo-me ficar preocupado porque sabia o que iria acontecer...

Phat, você não pode mais voltar e ver sua irmã.

Comecei a chorar quando descobri que meu amor por ele tinha um impacto tão grande ao seu redor. Nunca pensei que nossa felicidade iria se transformar no sofrimento de outra pessoa. Os gritos da mãe de Phat eram tão altos que podiam ser claramente ouvidos daqui, eu não queria pensar em como estava as condições da outra casa.

Demorou uma hora para todos os barulhos se silenciar, eu estava amargurado, franzia as sobrancelhas e cerrava os punhos até que minhas unhas cortassem a carne. Me odiando cada vez mais porque não posso fazer nada.

Ainda sou um cara normal que nunca consegue mudar nada.

Finalmente, Phat voltou e entrou pela porta da sua casa com uma grande mochila, confirmando que a ligação da noite anterior realmente era verdadeira. Deixei minhas lágrimas rolarem novamente quando vi seu rosto do outro lado da rua, o demônio em meu coração gritava alto e tentava escapar.

Quero gritar e destruir tudo só porque não suporto ver a outra pessoa assim.

(:(

"Finalmente, aqueles vizinhos voltaram ao normal. Agora aquele menino foge de casa?"

Sentei-me de cabeça baixa para comer em meio a palavras de repreensão e insultos para a casa vizinha. Como sempre, crescia cada vez mais um instinto violento, queria quebrar essas correntes que me prendiam as pernas, bater forte na mesa, estilhaçar tudo à minha frente e correr para a pessoa que amo que estava sofrendo não muito diferente. Mas, no fim, tenho que nadar contra a maré e fingir que não escuto o que os pais dizem, apenas suportar para tornar o futuro melhor do que está agora. Porque se abrirmos os olhos para a verdade, temos que admitir que não podemos fazer tudo o que queremos.

Eu não posso conseguir tudo o que desejo.

"Isso mesmo. Por isso está essa agitação louca desde tão cedo."

"Não sei, acho que ele é um viciado em drogas ou algo assim, para fugir de casa desta forma." Enquanto a mãe continuava a acrescentar mais fatos, o pai não parava de dizer ofensas.

"Está apenas chamando atenção. O imbecil voltou já embora, mesmo que não tenha se passado nem um dia."

Eu queria ter nascido surdo e mudo nesta vida, pois embora tivesse uma voz, não conseguia falar com meu coração.

"Você não precisa mais se preocupar com isso. Pran, apenas pense nisso como uma mordida de cachorro."

Se meu pai está comparando meu amor a uma mordida de cachorro, então eu diria que está ferida foi tão funda que deixou uma cicatriz enorme no meio do meu peito, e que doía tanto que se quer conseguiria cogitar esquecer...

"Então, você já olhou as informações que te passei?"

Mesmo que a conversa mudasse o assunto para mim, não tinha coragem de responder. "Eu vou ler ainda."

"Você pode começar a arrumar suas coisas agora antes que seja tarde. Planejo ir no final deste mês falar com Pong e programar sua ida."

"Pai? "

"O quê? "

Respondeu com uma voz profunda, se virando para me encarar. Ele estreitou os olhos como se estivesse tentando me fazer pensar antes de eu dizer algo que não deveria.

"Se eu parar de me comunicar com Phatra, o pai permitirá que eu fique?"

"Por quê?"

"Eu não quero ir. Eu quero ficar aqui."

Meu pai me encarou, nossos olhos se encontraram e meu coração começou a bater mais rápido. Rezando para que essas palavras fizessem a pessoa na minha frente mudar de ideia.

"Não vamos falar sobre isso de novo."

"Mas pai ..."

Não é diferente do que eu esperava. No final, meu desejo nunca foi realmente verdadeiro.

"Já tomei minha decisão."

(:(

"Ei, você tomou uma boa decisão. Certo?"

"Sério, existe algo que eu posso decidir?"

Eu respondi a pergunta da outra pessoa enquanto pensava. No momento, só deve haver apenas alguns raros momentos em que eu possa dizer tudo o que quero honestamente.

"Pran."

"Hum?"

"Anteontem, fui beber com os engenheiros."

"Você foi beber com eles?" Eu ri. "Vocês pararam de lutar?"

"Sim, por causa de vocês dois."

"..." Fiquei em silêncio enquanto olhava em seus olhos. Eu podia sentir a implicação das palavras que ele queria transmitir.

"Veja, houve uma mudança. É verdade. Sua história com ele não tornou tudo pior."

"E daí? Qual é a utilidade? No que poderia me ajudar?" Eu disse. A voz saiu ligeiramente mais forte devido à tensão. No momento, era apenas eu e Wai, não há necessidade de ser cauteloso ou suspeitar que alguém está nos ouvindo. "Não importa quantas vezes eu viva e morra, quem tem compaixão? Alguém pode ajudar? Você acha que eu já não estou brigando com meus pais? As duas casas já estão separadas."

"Pran..."

"Eu não me importo de ficar sozinho. Mas é a outra casa ... Tenho pena de Pha." Acalmei-me quando disse o nome da única irmã de Phat. Suspirei e olhei pela janela. "Na verdade, fugir juntos é fácil. E não é que eu não queira, mas não fiz porque sabia que no final, nenhum de nós seria realmente feliz como esperávamos."

O rosto de Phat apareceu no céu, e eu encarei até que ele desaparecesse.

"Phat nunca vai parar de cuidar de sua irmã, assim como eu não posso esquecer minha família." Porque disso eu tenho certeza. Mesmo se escaparmos para o fim do mundo, não poderíamos ser felizes.

"..."

Quando terminei minhas palavras, toda a sala caiu em silêncio. Por dez minutos, deixei os pensamentos correrem soltos na minha cabeça.

"... Eu compreendo você." Wai disse, com um toque forte nos meus ombros. Eu me virei para encontrar seus olhos, e seu rosto tinha uma expressão séria então só pude sorrir. "Embora eu ainda não entenda por completo. Como decidirá enfrentar esse problema? Você será capaz de continuar como agora?"

"... Estou bem."

"Claro que está!"

"Hmm, desculpe." Eu ri "Ando mentindo tanto até para mim mesmo, que me acostumei com isso."

"Pram seu bastardo, você ainda tem a capacidade de fazer piada sobre isso."

"Onde estou brincando?" Tudo o que disse é verdade.

"Este menino, Ah!"

"Vamos mudar de assunto. Tive que implorar para minha mãe me deixasse sair para vir ver você. Durante esses dias eles me confirmaram em uma quarentena, estava me sentindo enjoado já."

"Isso é muito pesado. Como vai embora?"

"Ela vem me buscar em breve."

"Droga ... é tão difícil estar com você."

"É mais difícil eu estar com ele."

Ele ri. Não precisava perguntar, ele sabe de quem estou falando. Quem mais pode ser? Além da pessoa em quem estou pensando de todo o meu coração...

(:(

"Você já começou a empacotar as suas coisas?"

No caminho de volta para casa, minha mãe fez várias perguntas. Mas, nós não olhamos um para o outro. Minha mãe olhava para a estrada com o pescoço reto, ao contrário de mim, que encostei a cabeça na janela de olhos abertos para ver a estrada.

"Ainda não."

"Mamãe rapidamente fará uma mala para você. Vamos ver qual será a melhor para usar. É bom trazer uma grande, então poderá carregar um monte de coisas."

"Sim."

"Quando você for para lá, o P'Pong vai te ajudar. Ele já sabe cozinhar, quando o assunto for comida, não precisa se preocupar."

"Sim."

"Mas vejo que o tempo está frio agora. Enfim, depois de amanhã, a mamãe vai levá-lo para comprar uns suéteres."

"Sim."

Digo e aceito tudo como um robô que está programado para fazer tudo de acordo com as instruções, tenho o direito de ouvir mas não de recusar, o direito de pensar mas não de decidir, tudo corre como eu não quero.

Saí do carro quando cheguei em casa ao mesmo tempo em que o telefone no bolso da calça tremia. Secretamente o peguei para que minha mãe não pudesse ver o nome marcado na tela. Escondo no bolso da calça e finjo que nada aconteceu, logo caminho apressadamente para o meu quarto sem ser notado.

Assim que a porta se fechou, rapidamente atendi o telefone que tocava pela segunda vez.

"Olá."

[P'Pran.]

"Ei, Pha."

[P'Pran, como você está?]

"Eu estou ... Bem." O que está acontecendo? Phat, está bem? Aconteceu alguma coisa com ele por isso está me ligando, não é?

Eu estava nervoso, sentia um aperto no meu coração. Mas nenhuma dessas perguntas saiu da minha boca.

[Ouviu dizer que P'Pran continuaria seus estudos no exterior.]

"Ah, sim, já marcamos uma data e vou pegar o voo no próximo mês no dia treze."

[Dia treze?!]

Levantei uma sobrancelha quando ela me respondeu em um tom um tanto chocada. "Hmmm, treze, o que há de errado?"

[Não... Nada.] A resposta soou um pouco espasmódica. Mas não repeti a pergunta. [Por que tão cedo? Falta poucos dias para a formatura.]

"O meu pai quer que eu vá embora rapidamente." Eu ri, me forçando a levantar minha voz para soar bem. "Já estamos conversando há quase um mês. Quando o assunto da formatura, não irei terminar, apenas vou embora."

[Huh...]

O fim da linha gemeu baixinho. Senti que ela tinha algo que queria dizer, queria perguntar, mas não ousava. E nem pensei em falar primeiro. Quem sabe seja algo sobre o qual ninguém mais queira falar.

"Você está se sentindo bem? Eu não perguntei ainda."

[Estou bem, mas triste porque P'Pran está indo embora. Ainda nem vai pegar seu diploma.]

"Então, isso mostra o quão sério meus pais estão sobre esse assunto de me levarem para sair de casa." Para eles, esse era apenas um pedaço de papel. O que realmente importava era separar eu e Phat em um continente.

[É mesmo...]

A novamente a resposta foi curta. E quando ninguém disse o que queria no final, tudo o que pudemos fazer foi despedir-se e desligar.

(:(

Virei-me e arrastei uma grande mala que estava perto da porta, coloquei-a no meio da sala e a abri. Respirei fundo antes de puxar a porta do guarda-roupa e procurar o que tiraria dele. Na verdade, eu não queria levar muita coisa. Seria mais fácil fazer compras lá, mas como não queria ter que responder as perguntas que os pais me fariam, então escolhi fazer o que eles desejavam.

Retirei as roupas e dobrei casualmente. Os utensílios que minha mãe colocara sobre a mesa foram todos guardados na bolsa, um a um. Não demorou muito para que tudo fosse concluído. Eu não sei o que mais levar, então agora só falta a mãe me levar para comprar suéteres como ela quer que eu faça.

Suspirei e me sentei na cama. Com o canto dos olhos notei o coelho de pelúcia que estava mais sujo do que quando a peguei. Mas ainda parece muito melhor do que antes.

O dono se esqueceu dele desde o dia em que minha mãe entrou gritando no quarto. Não sei se Phat está dormindo ou não, já que não tem a pelúcia para abraçar. Mas entregá-la de volta agora seria muito difícil. Eu segurei o coelho em minhas mãos e acariciei suavemente suas orelhas, sorri ao pensar na época em que o garoto teimoso pressionava ela em seu nariz todos os dias.

Naquela época, eu era muito mais feliz do que agora, Phat.

Suspirei, deixando as memórias do passado apagarem o sorriso em meu rosto, abraçando a coelha que eu tanto repreendi por estar suja. Fecho os olhos para que as lágrimas encham as bordas até escorrer. Respiro fundo antes de falar baixinho para que ninguém além de Nong Hom pudesse ouvir.

"Vamos ser amigos..."

(:(

Três dias antes do voo, a casa ao lado estava ocupada se preparando para a festa de noivado. Há pessoas entrando e saindo quase todos os dias, o jardim está bem organizado e decorado para se preparar para o grande dia. Acabei de perceber que o evento será realizado no mesmo dia que eu irei embora.

Quando eu estava me preparando para sair de casa, vi Phat saindo de sua casa em um terno brilhante, é a primeira vez em um mês que nós vemos, a outra parte cortou o cabelo deixando ele curto e parecia estranho. Sinto uma dor no coração, antes quando perguntei, ele se recusou. Mas quando se tem que fazer isso por uma mulher que está se tornando uma pessoa importante, ele pode facilmente ir cortar.

Nossos olhos se encontraram, e um desejo penetrou direto em meu coração. A outra pessoa parecia querer dizer algo, mas não disse. Ficamos apenas a alguns passos de distância um do outro, do seu jardim até a cerca da minha casa, mas parecia como se eu nunca pudesse alcançá-lo

Até quando minha mãe saiu e me chamou para entrar no carro eu e ele não dissemos uma palavra. Eu nem me despedi quando tive que entrar no carro e sair. Cerrei meus punhos e apertei os dois juntos, apertei até começar a tremer. Com medo de que a minha paciência acabasse a qualquer segundo, fechei os olhos e não olhei para trás. Pensando no meu amor para fazer essa dor desaparecer.

Chegando ao aeroporto, segui silenciosamente meus pais, deixe os dois cuidarem de tudo sem discutir. Mesmo quando atravessei a recepção, não disse nada além de levantar minhas mãos e dizer adeus.

Nós não nos abraçamos e não demonstramos amor, nem palavras sentimentais. Eu apenas me virei e atravessei o aeroporto até chegar no ponto de embarque, encontrei um lugar para esperar e me sentei pegando o telefone para afastar o tédio e os pensamentos que afligiam meu coração.

Arrastei o dedo para rolar pela tela no aplicativo do Facebook, olhei para as horas e percebi que já era o momento de embarcar no avião. Mas no momento em que estava prestes a fechar, os meus dedos continuaram a rolar até que vi a foto de um homem e uma mulher se abraçando em um vestido de noiva, felizes.

Não teria chamado minha atenção se a pessoa no terno do noivo não fosse Phat...

Fiquei sentado olhando para ele por um tempo até perceber que deveria me apressar e entrar no avião. Ergui a mão para esfregar o rosto a fim de despertar seus sentidos e seguir, mas, antes de fazer isso, arrastei o dedo para tocar levemente no botão 'Curtir'. Então, travei o celular e me levantei da cadeira.

Irei viajar para outro país sem nenhuma lembrança de nós, e nem mesmo dele...

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