Capítulo 31
Pran
(:(
Uma coisa eu descobri em um país que é quase desconhecido, onde a temperatura é várias dezenas de graus abaixo da minha terra natal, onde eu ando apenas para encontrar estranhos, altos, brancos e de olhos claros... Isso tudo me fez perceber o quão bom eu sou em esconder meus sentimentos.
Eu posso rir das piadas de outras pessoas, posso falar e sorrir sem me preocupar, posso dormir o dia todo e posso comer para que meu corpo tenha força para fazer tudo o que um humano deveria fazer.
Mesmo que, não haja mais um coração no corpo agora...
Desde que cheguei aqui tenho dois hábitos peculiares: primeiro, uso sempre um relógio que não indica a hora do país em que moro, e sempre que olho para ele minha cabeça pensa em alguém do outro lado do continente. Em segundo lugar, eu me tornei um homem tolo que não dorme sem abraçar ou segurar a coelha que eu costumava repreender por ser tão podre quanto o seu dono.
TOC TOC
"Pran?"
Eu tirei meus olhos de Nong Hom, o nome que seu verdadeiro dono supostamente lhe deu, antes de colocá-la ao lado do travesseiro e me levantar para abrir a porta.
"Sim, irmão."
"Rita fez uma torta de maçã para você. Saia para comer, venha sentar e conversar comigo. Como consegue ficar trancado nesse quarto no seu dia de folga?"
A terceira pessoa mencionada na frase é uma inglesa que mora no quarto ao lado, adora cozinhar e muitas vezes vem trazer um acompanhamento ou sobremesa. Aparentemente ela está praticando ainda, já que às vezes, há bordas queimadas ou a massa não está cozida.
"Okay." Eu respondi e caminhei até o sofá, onde havia um prato de tortas de maçã deliciosamente aromáticas colocado na mesa. Pong me entregou um cobertor macio quando se sentou, peguei uma faca para cortar um pedaço e colocar na boca. Desta vez, estava delicioso.
"Pran."
"Sim?"
"Está aqui há vários meses, você já se adaptou?"
Olhei para cima para encontrar meu irmão mais velho, sabendo que a outra pessoa poderia sentir o problema que eu trouxe comigo da Tailândia, mas Pong foi gentil demais para não me perguntar uma única palavra sobre isso. Mesmo que um irmão mais novo como eu esteja muito sonolento e silencioso.
"Bom, está começando a ficar melhor."
"Mesmo?"
"Sim, por quê? Eu não pareço feliz." Eu ri, para parecer tão alegre quanto eu poderia fingir.
"Hum." Mas parece que a outra parte não vai cair nessa. "Não parece feliz."
"Não é nada."
"Não quero perguntar nada porque vejo que você não quer falar sobre isso, mas já se passaram vários meses." Disse Pong calmamente, fazendo contato visual de forma séria. "Estou preocupado."
"..."
"Que problemas você tem, por favor me diga, Pran. Você brigou com o tio?"
"Então, o que meu pai te contou?"
"Ele não me disse nada, apenas me falou para cuidar de você e não deixar se enturmar muito."
"Sério..."
"Mas quando eu ouvi isso, eu soube que você e o tio não estavam se dando bem. Tive certeza quando chegou aqui. Você ligou para a casa ou não conversou com eles ainda?"
"... Conversei." Mas não com meu pai. "Mamãe liga uma vez por semana."
"E com o tio, não falou?"
"Não falei."
"É isso, está sendo teimoso de novo."
"É, eu sou assim, Pong. Teimoso." Eu ri. "Mas eu ainda tenho que estar aqui..."
"Teimoso, mas fica calado? Olha só para você, está totalmente abatido."
"Em algumas coisas eu não posso ser teimoso. Pong não sabe de nada."
O homem na minha frente sorriu. Estendendo a mão e acariciando minha cabeça levemente. Nesse momento Pong sentiu que poderia dizer qualquer coisa que pensava.
"Se eu não sei de nada, apenas me diga."
"Você se lembra do Phat?"
"Phat?" O mais velho ergueu as sobrancelhas antes de ficar em silêncio como se procurasse um pedaço de memória em sua cabeça. "O garoto da casa ao lado que costumávamos jogar galhos por cima da cerca um no outro?"
"Ah, isso já faz muito tempo, hyung."
O outro riu, balançando a cabeça para cima e para baixo divertidamente. "E aquela vez, quando nós dois tentamos subir em uma árvore mais alta um do que o outro até que ambos caíram."
"P'Pong..."
"Ok, ok, eu me lembro. Então, porquê tocou nesse assunto?" Apertei os lábios e olhei para a pessoa na minha frente, antes de suspirar. Enquanto Pong levantava as sobrancelhas, ele repetiu: "Huh?"
"Bem..."
"Por que você está tão atordoado?" Eu queria dizer. Mas quando realmente tive que abrir minha boca, minha voz não saiu. "Vamos lá, seu rosto está muito vermelho."
"Bem... Phat e eu nos amamos."
"Amam um ao outro?" Pong repetiu, seu rosto mostra que ele não entende. "Vocês não se odeiam?"
"No passado, sim."
"E agora?"
"Mas depois de um tempo, não mais."
Pong ficou em silêncio, eu também me calei. Ninguém disse mais nada por longos minutos. A outra parte parecia estar pensando, até que suas sobrancelhas começaram a franzir mais forte. "Então, que tipo de amor vocês têm?"
"Amor é amor. Se ele fosse um amigo, eu não usaria essa palavra."
"Ok, entendi qual é o ponto, isso é uma briga com o tio, certo?"
Eu aceno com a cabeça, recusando-me a usar a linguagem para explicar mais.
Pong foi quem suspirou. Recostando-se no encosto da cadeira, levantando as mãos para massagear a têmpora. Agora ele vê como as coisas são preocupantes? Eu sou muito bom em ser capaz de sorrir dessa forma.
"Então, o que você falou com Phat?"
"Da última vez, tínhamos acabado de nos despedir."
"Huh, vocês já terminaram?"
"Eu não disse isso claramente. Mas provavelmente sim." Falei fechando meus olhos, imaginando que agora eles deviam ter começado a ficar vermelhos.
"Eh, você está bem?"
"Sim."
"Então, por que você está chorando?"
Eu levantei minha mão e toquei sob meus olhos, e pudesse ver que as lágrimas já haviam começado a correr.
"Eu..."
"Não negue. A evidência está aí."
Esse tipo de coisa é do conhecimento de todos, Pong. "Eu não posso negar. Mas posso te dizer que está tudo bem." Enxuguei minhas lágrimas e ri para mim mesmo. "Mais do que isso já é passado."
"Realmente está no passado?"
"Não queria que se tornasse, de jeito nenhum."
Pong olhou para mim e nós olhamos nos olhos, fui eu quem desviou primeiro antes de começar a chorar como uma criança.
"Pran..." A outra parte chamou meu nome, ao mesmo tempo, em que um toque quente toca os meus ombros. "Você pode me contar. Eu não me importo."
"Está tudo bem." Eu balancei minha cabeça, enxugando minhas lágrimas. "Eu simplesmente não entendo porque os adultos se odeiam tanto."
"..."
"Pelo menos eu não tenho que ser tão estúpido assim."
"Isso aconteceu muito antes do seu nascimento, Pran." Pong disse em voz baixa, parecendo reprimido, como se ele não quisesse falar, mas tinha que dizer.
Franzi minhas sobrancelhas e encontrei os olhos de Pong, meu coração batendo estranhamente. "Pong sabe de algo?"
"Eu... eu sei." Disse o homem na minha frente, baixando os olhos. "Eu soube o que meu pai e minha mãe me contaram."
"Pong." Eu rapidamente chamei seu nome, me aproximei e puxei sua manga suavemente. "Me conte, me conte tudo."
"Mas essa coisa é..."
"Pelo menos deixe-me saber por que eu tenho que passar por isso."
A outra parte ficou em silêncio quando intervim, embora ele não tivesse terminado de falar. Olhamos nos olhos um do outro até que meu irmão suspirou em rendição primeiro. "Na verdade, é tudo sobre negócios."
Eu balancei a cabeça seriamente, quando Pong começou a abrir a boca. Fiz contato visual e ouvi atentamente a outra pessoa.
"Não conheço todos os detalhes, mas sei que a casa ao lado está no ramo de empreiteiros desde a geração do avô e era uma empresa de primeira linha. Naquela época, só aceitavam grandes eventos. Quando seus pais se mudaram para a casa ao lado, não sabiam quem eles eram. Viemos a saber disso quando acabaram se encontrando durante os eventos. Naquela época, eles começaram apertando as mãos e concordando em trabalhar juntos, e quando começaram a competir ambos os lados passaram a ter voz. A nossa casa estava vencendo os leilões e passando a ganhar todos os eventos, então a gente se tornou um grande negócio."
"Nós roubamos o emprego dele, Pong?"
Pong balançou a cabeça. "São negócios, Pran. O jogo dos negócios é sobre quem é mais inteligente, o tempo em que as pessoas costumavam investir capital para trabalhar e apoiar boas pessoas já passou."
"...E o que mais?"
Pong suspirou novamente, sorrindo com o canto da boca enquanto balançava a cabeça lentamente. "Eu só sei disso até agora, não tenho certeza se está certo ou errado, vamos ter que perguntar ao tio."
"Hmm..." Eu gemi, olhando para minhas mãos.
"... Você o ama muito?"
"Muito." Depois de responder, a imagem da pessoa do outro lado do continente brilhou em minha mente, trazendo uma sensação de nostalgia e um aperto no coração. Queria ouvir sua voz, olhar seu rosto... quero poder tocá-lo. "Muito mais do que eu imaginava poder."
"Então por que concorda? Geralmente você não é fraco dessa forma."
"Então, o que posso dizer, em certas coisas, não podemos ser teimosos. Isso é muito grande e pode afetar muitos outros aspectos."
"E ele aceitou isso? Até onde eu me lembro, ele é uma pessoa de cabeça quente, certo?"
"Da última vez que ele me ligou pediu para eu fugir de casa."
"Mesmo?"
"Não é engraçado, irmão." Eu franzi minhas sobrancelhas, apertando os olhos para a outra pessoa que estava sorrindo um pouco, apesar do choque. "Mesmo que aquela fosse uma atitude impulsiva, naquela época, quem imaginaria que uma pessoa racional como eu iria querer ir atrás disso com todo o meu coração."
"Então, porque não foi?"
"Se fosse tão fácil, você sabe que eu iria."
"Eu sei, eu sei exatamente o que está pensando." Pong colocou as mãos em minha cabeça. As lágrimas começaram a fluir novamente, porque as próximas palavras que escaparam da boca do homem em minha frente foram: "Bom menino."
Eu balancei a cabeça, com um pequeno sorriso ainda no canto da boca, deixando a outra pessoa acariciar meus cabelos enquanto falava baixinho em minha garganta.
"Ser um bom menino não é nada feliz."
(:(
Todas as noites, depois de fazer todas as minhas tarefas, costumo sentar na cabeceira da minha cama, pegar um travesseiro e colocá-lo no meu colo para ligar o laptop e procurar atualizações. Não que eu não conseguisse dormir, mas, porque queria saber mais sobre a situação da outra pessoa. Se realmente pudesse ver quem mais visitou o perfil no Facebook do Phat, é provável que meu nome esteja em primeiro lugar todos os dias. A foto do dia do noivado ainda pode ser vista na sua linha do tempo. Não sei quantas vezes olhei para ela, sabendo o quão estranho é o sorriso da pessoa familiar. Depois de estar com ele por vinte anos, se eu o tivesse visto assim, nunca teria ido embora.
Teria sido impossível.
Rolei a tela para ver a única foto em que sua irmã marcou. O cabelo que estava mais curto naquela época, agora está um pouco mais comprido. Ele está se curvando para ler algo com uma expressão séria, um rosto que raramente via. Meus olhos se inundaram mais uma vez com a nostalgia, coloquei meus dedos na tela, acariciando suavemente o contorno do rosto que eu não via com meus próprios olhos há meses.
Só de pensar que a outra pessoa vai abraçar e beijar outro alguém em vez de mim, meu peito fica apertado. Quero substituir o travesseiro que agora está colocado no meu colo pela cabeça da outra pessoa. Quero que o relógio da vida volte novamente, para que assim eu tenha ele deitado em meus braços enquanto olho em seus olhos, respirando e sentindo a pele do outro como eu já havia feito antes.
Engoli as lágrimas que estavam prestes a transbordar quando o alarme do celular soou, com o nome de Pha aparecendo no espaço abaixo.
Pha Napapha: P'Pran ainda não dormiu?
Sorri, só de pensar que estava conversando com alguém próximo a ele, e me senti aliviado depois de muito tempo por ter a oportunidade de conversar com Pha. Como os fusos horários não coincidem, só haveria uma oportunidade em um dia tão tarde quanto esta manhã para se conversar.
P. Pakorn: Ainda não, vou daqui a um momento.
Pha Napapha: Mas é quase de manhã aí, não é?
P. Pakorn: Você ainda não está com sono, como está?
Pha Napapha: Estou bem, Pran está bem?
P. Pakorn: Também estou.
No final da minha resposta, abaixo da sua imagem apareceu que estava digitando algo e depois de um tempo desapareceu, antes de aparecer novamente. Era como se a outra pessoa estivesse digitando várias vezes e apagando, o que me fez digitar eu mesmo.
P. Pakorn: É...
P. Pakorn: Você está bem mesmo?
Pha Napapha: Estarei bem, quando Pran estiver bem.
Pha Napapha: Parece ter o mesmo significado.
Eu ri com a insinuação da Nong, compreensiva e peculiar como seu irmão.
P. Pakorn: Se você diz.
Pha Napapha: Pran não sente falta de P'Phat?
P. Pakorn: Sinto falta dele.
P. Pakorn: Por que não sentiria?
Pha Napapha: Então você vai voltar, Pran?
Parece que quando comecei a falar honestamente, Pha também deixou de hesitar em mencionar qualquer coisa, digitando por um longo tempo e apagando. A mensagem apareceu em rápida sucessão.
Pha Napapha: Sinto pena de P'Phat.
Pha Napapha: P'Phat parece bom por fora, mas não está nada bem por dentro.
Pha Napapha: Pran não é diferente, certo?...
P. Pakorn: Eu estou bem, por favor, cuidar de Phat por mim.
Pha Napapha: P'Pran é teimoso, não mudou nada. Enquanto falamos um com o outro, mesmo se você chorar, eu não vou saber.
Eu li a mensagem da Nong respirando fundo, odeio ser exatamente o que a outra pessoa disse. Às vezes eu também odeio minha própria teimosia.
P. Pakorn: Eu vou dormir primeiro.
P. Pakorn: Por favor, cuide de Phat também.
Pha Napapha: Boa noite, Pran. Cuida de si mesmo também.
Depois de ler, dobrei a tela do notebook sem responder. Inclino-me sobre a cabeceira da cama e olho sem rumo para o teto branco, deixando os pensamentos em minha cabeça se afastarem, refletindo sobre meus próprios sentimentos.
Não importa quanto tempo tenha passado, o que sinto por Phat nunca diminui.
(:(
A coisa mais estranha do ano aconteceu bem na minha frente. Eu franzi minhas sobrancelhas e apertei meus lábios em pressão, quando Pong acabou por me entregar o telefone, colocando na minha mão e me deixando sozinho com uma frase como: "Tio ligou."
Eu olhei-lhe por um tempo antes de colocar o celular no meu ouvido. "Sim?"
[Pran?] Sua voz ainda soava a mesma da última vez que ouvi.
"Sim."
[Como você está? Não nos falamos há muito tempo.]
Eu franzi minhas sobrancelhas quando ouvi a frase que não pensava que meu pai diria. Mesmo acreditando que a outra parte não deveria estar ligando para perguntar sobre essas coisas simples.
"Eu estou bem... e como está você pai?"
[Hmm... estou bem.]
"Realmente está bem?"
No final da minha pergunta, nós dois ficamos em silêncio. Mesmo que não tenhamos nos falados há vários meses, quando tive a oportunidade de falar, não sabia o que dizer. Um sentimento de frustração me alcançou, cerrei meus punhos e nervosamente movi meu polegar para frente e para trás, procurando palavras para continuar. Mas o pai falou primeiro.
[Outro dia, acabei conhecendo Phat.]
"..."
[Sobre trabalho.]
"Huh?" Eu apertei meus lábios, sem entender porque meu pai estava falando sobre isso.
[Recentemente ele tem vindo aqui com frequência fazer uma oferta para participar de um dos eventos.] Posso ouvir risos da sua garganta ecoando no meu ouvido. Mas ainda não sei porque o pai está tocando nesse assunto.
"Sim."
[Mas ele parece mais adulto agora para falar sobre as coisas, não é o mesmo menino que eu costumava pensar que fosse.]
"..."
[Acabei de descobrir que o garoto travesso da casa ao lado também funciona bem nos negócios.]
"Sim." Eu gemi as mesmas palavras repetidamente, relutante em perguntar o que estava rondando em minha mente desde ontem, mas quando a conversa parou por muito tempo, decidi dizer: "Pai."
[Como vão às coisas?]
"Posso te perguntar uma coisa, pai?"
[O quê?]
"Pai, você pode me contar sobre nossa casa e a casa de Phat?"
[Por que gostaria de saber? Não é necessário ouvir esse tipo de coisa, eu realmente não quero falar sobre isso.]
"Papai não vai me deixar saber, mesmo que isso me afete em quase tudo?" Eu respirei fundo. "Mesmo sendo essa a razão pela qual eu estou aqui..."
O pai ficou em silêncio por dez minutos sem responder, mas eu estava disposta a esperar... Fiquei esperando sem protestar, permitindo que meu pai analisasse totalmente seus pensamentos.
[A P&P era uma empresa contratante muito famosa naquela época...] Em pouco tempo, meu pai começou a falar. [De certa forma, eles apenas lidavam com grandes eventos, e a empresa sempre tinha muitos trabalhos. Talvez porque seja por ter muitos contatos com políticos e apoio financeiro. Quando fundei uma empresa pioneira e descobri que a casa ao lado era proprietária da P&P, imaginei que aquilo fosse uma grande coincidência. Inicialmente, muitas vezes nós conversamos e trocamos conhecimentos de acordo com a oportunidade. Mas quando eu comecei a tomar conhecimento, percebi que existiam muitas fraquezas. E mesmo com uma economia boa, há uma bolha tão grande que o dinheiro não pode voltar a tempo. Então, por um tempo, ele desapareceu da lista de licitações.]
"E todo o trabalho venho para a nossa casa?...."
[Não foi tudo...] Depois de dar um longo suspiro, eu podia sentir a exaustão passando pelo tom da sua voz. Eu sentia que meu pai estava muito velho agora. [Depois disso, ele veio pedir dinheiro emprestado.]
"O pai do Phat?" Eu franzi minhas sobrancelhas, incapaz de pensar nessa cena. "Ele veio pedir dinheiro emprestado à nossa casa?"
[Sim, um empréstimo na casa dos milhões.] A voz do meu pai soou mais intensa, como alguém que estava insatisfeito. [Numa economia assim, quem pode emprestar? Até mesmo seus parentes não podiam? Não somos tão próximos. Não havia nada como garantia, e de fato a bolha estourou e isso tornou nosso país igualmente ruim. Tivemos que aceitar migalhas para lucrar, pensar primeiro em nós mesmos para monopolizar o próximo trabalho. Corremos riscos também.]
"Então por que você odeia eles..."
[Não fui eu quem começou.]
"..."
[Desde que essa pessoa perdeu, ela não admite que perdeu. Além disso, ele também culpou nossa família. Como é diferente de um cachorro que não aceita a verdade?]
Engoli minha saliva, a voz do meu pai parecia mais intensa do que nunca.
[Quando o dinheiro não começou a entrar, e da antiga glória não sobrou mais nada, o azarão veio pedir dinheiro emprestado, mas nós não tínhamos. Eles começaram a repreender a gente, e a solução que escolheram foi começar uma briga. Também acabaram por revelar que nossa empresa estava fazendo negócios no cinza, fazendo coisas sujas e desonestas, quer tornava nossa empresa ilegal.]
Ao ouvi-lo, tive uma dor de cabeça, analisei rapidamente o que escutei e fiquei mais estressado quando captei o ponto.
"Ele te culpou, quando foi ele quem começou isso?"
[Sim.] O pai riu em sua garganta. [A indústria é assim. Não há nenhum tapete vermelho esperando para que possamos caminhar de forma confortável. Antes que eu pudesse ocupar essa posição, já havia passado por muitas perdas. Você entende agora que o que aconteceu entre nossa família e a deles foi muito ruim para ser reconciliado?]
"Então, se o pai perdoar aquela família. Você pode perdoar Phat também?"
[Nós nos odiamos tanto que não poderei voltar a ser como costumava ser.]
"..."
[Se esse lado não viesse brigar, eu não teria feito nada primeiramente. Ele quem usou isso para atacar primeiro.] Papai suspirou longamente. [Mas enfim... foi muito pesado no passado, agora eu não posso simplesmente estender a mão para ele e esquecer tudo isso.]
"Pai..."
[O que foi?]
"Você está cansado?"
[Cansado?]
"Eu sinto muito."
[... Se você se sente culpado por alguma coisa, pode voltar e ser o mesmo filho de antes?]
"Sempre fui o mesmo filho seu pai."
[As coisas deram errado, você acabou cometendo erros. Esqueça eles, recomece, viva como uma pessoa normal.]
Comecei a perceber que meu pai estava falando sobre eu e Phat. Naquele momento, era como se houvesse um caroço amargo descendo pela minha garganta. "Nunca pensei que era anormal."
[Eu não entendo. Você nunca teve nenhum comportamento assim antes.]
"Eu também não entendo."
[Então não há necessidade de entender. Esqueça, Pran você ainda é jovem, Phat também.]
"Não é por causa da minha idade, pai. Mesmo depois desse tempo, tenho certeza que não vou menosprezar meus sentimentos como uma piada infantil." Apertei os lábios, tentando segurar as lágrimas que estavam prestes a transbordar. "Me desculpe... por não ser capaz de controlar meu coração."
[...]
"..."
Quando falei, a conversa parou e ninguém falou mais nada, estava tão silencioso que até podia ouvir a respiração do outro lado da linha. Até que, o pai falou primeiro.
[Pran.]
"Sim, pai."
[Você está feliz?]
Fiquei surpreso com a pergunta aparentemente sem sentido. Mesmo que seja uma pergunta simples, eu tive que parar e pensar por alguns minutos. E no final, tudo o que eu podia fazer era responder com uma pergunta.
"... Então. Pai, você quer que eu seja feliz?"
[...] O fim da linha ficou em silêncio por um momento. Eu afrouxei o aperto forte em volta do celular, exalando a respiração lenta e suavemente.
[Vamos descansar. Falo com você mais tarde, cuide-se bem. Não seja muito teimoso.]
"Sim, você também pai."
[... Quero que você seja feliz, Pran.]
No final, meu pai encerrou a ligação, deixando-me com uma sensação estranha, e eu não tinha certeza se era alegria ou arrependimento, porque o calor e o borrão em meus olhos me impediam de pensar em algo.
Olhei para o meu relógio de pulso, quando vi que era um bom momento para ligar, peguei o telefone novamente, disquei o número da pessoa que, não importa quanto tempo tenha passado, eu não tinha esquecido. Pressionei o botão de chamada com o coração batendo cada vez mais assustadoramente rápido, sentei e ouvi o sinal que não para de tocar.
Mas mesmo assim... a chamada não foi recebida.
(:(
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